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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DOZE HORAS DE PRAZER

A vida é mais gostosa
Nos braços de uma mulher,
Quando ela é carinhosa
E sabe bem o que quer.

Da vida eu me esqueci,
Pra mim mais nada existia,
Nem sequer eu percebi
Que o tempo escurecia.

Uma grande tempestade
De chuva, raio e trovão
Inundou de felicidade
Meu romântico coração.

Fui para o céu de repente,
Diante da doce prenda,
Quando a vi em minha frente
Só de calcinhas de renda.

Aquele bumbum sarado,
Aquela pele macia,
Aquele olhar safado,
Jeitinho de quem queria,

Então eu entrei na dança
Sem preconceito e sem medos,
Me sentindo uma criança
Numa loja de brinquedos.

Mas, eu nem acreditava
Que aquilo estava rolando,
E a mim mesmo eu perguntava:
É verdade? Estou sonhando?

Tudo o que eu tinha sonhado
Na exatidão da ciência,
Mas, elevado ao quadrado,
Ao cubo, ou outra potência.

Era muito fascinante
Tudo o que eu estava vendo,
Eu tive naquele instante
A sensação de estar vivendo...

Loura, bonita e charmosa,
Olhos azuis cor do céu,
Muito meiga e carinhosa,
Lábios doces como mel.

Seus seios sob medida:
Nem grandes e nem pequenos.
Taça cheia de bebida,
De remédios ou venenos!

Mais perfumada que a flor,
Mais perfeita que a lua,
Me apertava sem pudor,
Já completamente nua.

Sem nenhuma restrição
De nenhum jeito de amar,
Ela ardia de paixão,
Não conseguia parar.

Viajei no seu corpinho
Naquele conto de fada,
Sem me perder no caminho
Da fruta mais cobiçada.

Foi a noite mais feliz
De toda a minha existência,
Tudo o que eu sempre quis
Na exatidão da ciência.

Aquela doce-adolescente
Me levou pro paraíso,
Eva ouvindo a serpente
E eu, Adão sem juízo.

A madrugada chegou
E ainda restava desejo,
Então a tormenta passou
E naquele doce ensejo,

Tudo estava colorido:
O céu, as estrelas, o luar...
E do seu corpo despido
Um perfume a exalar.

Não sei se perfume de amor,
Ou perfume de pecado,
Se pecado tem odor,
Ou se amor é perfumado,

Só sei que seguimos sem pejo
Até o dia amanhecer,
Mistura de amor e desejo,
Que gostoso de fazer!

Aquele anjo pequeno
Do cabelo cacheado
Me fartou com seu veneno,
Que veneno delicado!

Me levou pro paraíso,
Me fez comer a maçã,
Me deu tudo o que eu preciso
No seu colo de divã.

Aquela noite passou
Mas nunca vou esquecer,
Pois em meu peito marcou
Doze horas de prazer.

Não sei se além dessa noite
Algo entre nós inda existe,
E a saudade como açoite
A me machucar persiste.

Não sei se a minha linda,
Entre todos os seus amores,
Perde o seu tempo ainda,
Lendo os bilhetes das flores.

Acho que ao romper do dia
Tudo, com a noite, morreu,
E só vive na poesia
O amor que ela me deu.

Conheçam as músicas preferidas do Bicho do Mato em: 

sábado, 9 de novembro de 2013

PROVA DE AMOR

Não sei se devo te amar ou te esquecer,
Apagar de minha mente tua lembrança,
Ou conservar o último átomo de esperança
Que é a única coisa que me faz viver.

Sei que é loucura te amar, criança,
Sei que te perdi logo ao te conhecer,
E hoje, prestes de jamais te ver,
Sou firme e no amor não perco a confiança.

A vida passa e o mundo é atroz
Rouba de mim tua eloquente voz
E pune-me por crimes que jamais eu fiz.

Mas, como prova deste amor perfeito,
Vou te guardar pra sempre em meu peito,
Mesmo que jamais eu possa ser feliz.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

MEU DESTINO

Meu destino está cruel,
Tão cruel que até me irrita:
Me tirou a Maribel,
A Adriana e a Rita.

Tirou a Maria Odete,
A Fernanda, a Expedita,
Também tirou a Gorete...
De todas, a mais bonita.

O destino não tem pena
Nenhuma deste sujeito,
Foi me tirando a Helena...
Machucou tanto meu peito.

Tirou de mim a Renata,
A Talita e a Suzana,
A Patrícia, muito gata,
A Eduarda e a Ana.

Me tirou a Roseli,
A Cláudia, a Daniela
A Rosana, a Sueli,
A Tatiane e a Bela.

Me tirou a Serafina,
A Margarete, a Jurema,
A Marli, a Rosalina,
E também a Açucena.

Com o destino quis falar,
Mas, ele não me deu prosa,
Foi me tirando a Luar,
A Mariana e a Rosa.

Entrou no meu coração
E tirou minha alegria,
Me roubando a Conceição,
A Cristina e a Luzia.

Este destino safado
Fez tudo no maior zelo,
Me tirou a Célia Prado
E a Maria Consuelo.

A Roberta, a Franciely,
A Josilaine, a Marisa,
Também me tirou a Cibele
E o mesmo com a Eliza.

Foi me tirando a Paloma,
Ah! Essa me fez chorar...
Me jogou sobre a lona
Sem chances de levantar.

O destino me tirou
Tudo o que tinha direito,
E por capricho, inda deixou
Uma mulher no meu peito.

Ah...! Essa é pura maldade!
Eu vou dizer o seu nome:
É a maldita Saudade
Que a este poeta consome.

domingo, 8 de setembro de 2013

AINDA NÃO SOU BOÊMIO

“Incultas produções da mocidade 
Exponho a vossos olhos, ó leitores: 
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, 
Que elas buscam piedade, e não louvores."

"Bocage"


Olá menina, tudo bem? Como que vai?
Estou aqui impulsionado por um drama.
E ao te ver de roupa curta e tão sozinha
Eu deduzi que é garota de programa.

Se me enganei me desculpe, por favor,
É a loucura que tem me levado a isso,
Mas se estou certo e você é mesmo quem penso,
Então me ouça: vou contratar seu serviço!

Estou carente de amor e de carinho,
Estou precisando de uma mão pra me afagar,
Você é linda e tem tudo o que eu preciso...
Imponha um preço, que me disponho a pagar.

Quem você é, donde vem e o que faz,
É coisa sua e não interessa a mim,
Basta você me dizer somente um nome
Que nesta noite eu vou te chamar assim.

Quero ouvir seu coração pulsando forte,
Sintonizar o meu prazer no seu prazer,
Quero amar seu corpo inteiro loucamente
E só parar quando o dia amanhecer;

Extravasar o meu desejo de amar,
Dar a você tudo o que ela não quis...
Depois me fale se sou bom ou mal amante,
Se posso ou não fazer uma mulher feliz!

Não vá pensar que sou mesmo um boêmio
E que já faço parte desse submundo,
É o desprezo que está me transformando,
Sinto que em breve eu serei um vagabundo.

Nunca pensei que chegaria a esse ponto:
Fazer amor com uma mulher vulgar.
Mas eu preciso ocupar meu coração
Já estou cansado de viver só pra chorar.

domingo, 1 de setembro de 2013

CASINHA BRANCA

“Incultas produções da mocidade 
Exponho a vossos olhos, ó leitores: 
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, 
Que elas buscam piedade, e não louvores."

"Bocage"


Uma casinha branca
De varanda construir,
Levar uma vida simples,
As tarefas dividir...

Era este o nosso sonho
Planejado e discutido,
Eram planos detalhados
Para um viver colorido.

Mas..., a vida da cidade
Mudou o seu pensamento,
Pôs fim nessa ilusão
E matou seu sentimento;

Conheceu outro rapaz,
Por ele se apaixonou
E por um carro de luxo,
Meu amor ela trocou.

E a casinha branca
Que a gente tanto sonhou,
O vendaval da ilusão
Pegou ela e derrubou.

E os sonhos tão bonitos
Foram, todos, água abaixo,
Hoje só resta a saudade
Misturada aos meus pedaços.

Mas..., a vida da cidade
Um dia vai lhe dizer
Que a vida da vaidade
Não é boa pra viver,

Então, vai sentir saudades,
Vai lembrar do meu coração,
Com certeza vai chorar
Ao sentir tamanha dor...

sábado, 24 de agosto de 2013

A VOLTA À CASA BRANCA

“Incultas produções da mocidade 
Exponho a vossos olhos, ó leitores: 
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, 
Que elas buscam piedade, e não louvores."

"Bocage"

Amigo, hoje eu retornei
À casa branca da serra,
De longe já avistei
Um caboclo lavrando terra.

Chorei quando percebi
Que era meu pai, já bem velhinho,
Com sua enxada afiada
Carpindo devagarinho.

Na “arinha” do terreiro,
De longe eu já pude ver,
Uma velhinha arcada
Trabalhando sem poder.

No tanque, lavando roupas,
Era a minha velha mãezinha
Que, até hoje, ainda chora
Por causa da ausência minha.

Cada pranto que mamãe
Chorou eu também chorei,
Distante dos seus carinhos,
Quantas vezes eu pensei

De voltar pra essa casa
Pra rever minha mãezinha,
Mas, a coragem não dava,
É por isso que eu não vinha.

Não sabia se ao chegar
Iria ser bem recebido,
Por ter magoado seu peito,
Tê-lo deixado ferido,

Mas, sei que o amor de mãe
Nem o tempo o corrói,
Vim curar seu coração
Porque sei que ainda dói.

Quando cheguei ao terreiro
O meu pai veio correndo,
Jogou a enxada dum lado
E me abraçou dizendo:

―Que saudade meu filhinho!
Que bom você ter voltado!
Desde quando você foi
Sua mãe só tem chorado.

Quando olhei para mamãe
O meu rosto se orvalhou,
Quis pedir perdão a ela,
Mas, a minha voz falhou;

A coitada da velhinha
Me abraçou entristecida
E me disse, entre soluços:
―Você devolveu minha vida!

Quando encontrei meus irmãos
Quase não os conheci,
Muitos anos se passaram,
Eu também envelheci.

A saudade era demais
(Muito tempo, separados),
Nem lembraram que um dia,
Por mim, foram abandonados.

De joelhos sobre o chão
Eu contei a minha história...
As pancadas que levei,
As derrotas... as vitórias...

E eles me perdoaram
E me aceitaram de novo.
Agora vou ser feliz,
Para sempre, com meu povo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CASA BRANCA DA SERRA

Oi amigos, tudo bem? Estou começando, hoje, uma nova fase de postagens no Blog do Bicho do Mato. Nesta nova fase vou postar algumas das poesias que escrevi em minha mocidade. Para identificar essas poesias, abrirei cada postagem com a primeira estrofe deste soneto do poeta português “Manuel Maria Barbosa Du Bocage”:

“Incultas produções da mocidade 
Exponho a vossos olhos, ó leitores: 
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, 
Que elas buscam piedade, e não louvores. 

Ponderai da Fortuna a variedade 
Nos meus suspiros, lágrimas e amores; 
Notai dos males seus a imensidade, 
A curta duração de seus favores;

E se entre versos mil de sentimento 
Encontrardes alguns cuja aparência 
Indique festival contentamento, 

Crede, ó mortais, que foram com violência 
Escritos pela mão do Fingimento, 
Cantados pela voz da Dependência.”


Não espero que gostem, pois, as poesias são, ainda, mais rústicas que as que eu tenho postado, mas, peço que leiam e comentem, pois, isso me fará feliz.

E, para começar, vou postar a primeira poesia que escrevi há dezenove anos, isso foi em meados de 1994, eu tinha dezesseis anos. O texto, na verdade, é a letra de uma música caipira que pode ser cantada no ritmo de “moda de viola”, é tecnicamente muito ruim, é só para mostrar como eram meus primeiros textos. Às vezes, na roça, trabalhando, eu criava as composições e as memorizava, só depois as escrevia, isso me custou muitas perdas, pois, acontecia, às vezes, de eu me distrair com outras coisas e esquecer a poesia antes de escrever, mas, sobraram muitas e nos próximos dias, conforme dito acima, vou postá-las aqui.

Só peço que não caçoem dos textos, levem em consideração que foram criados por um semianalfabeto, brotaram de um solo completamente bruto e foram regados pela dor, mágoa e desprezo...


Abraços a todos.

CASA BRANCA DA SERRA

Na casa branca da serra
Lugar onde eu nasci,
Junto com meus irmãozinhos
Foi lá mesmo que cresci,
Com papai e com mamãe,
Todos gostavam de mim,
Mas, o destino ingrato
Nessa união pôs fim.

Há muitos anos atrás
De lá eu me despedi,
Minha mãe falou chorando:
―Meu filho não vá partir!
Eu disse para mamãe:
―Lamento, mas devo ir,
Aqui não posso ficar...
(Vi seu coração partir).

Joguei a mala nas costas
E segui o meu caminho
E muitas léguas, distante,
Hoje vivo tão sozinho,
Sem papai e sem mamãe,
Os amigos e os maninhos,
Vivendo com a saudade
Neste meu triste ranchinho.

Um filho que sai de casa
Sorte ele não pode ter,
Pois, ele deixa pra trás
Um coração a sofrer,
Da sua velha mãezinha
Que o ajudou a crescer,
Sozinha triste a chorar,
Vai sofrendo até morrer.

A mulher que eu amava,
Por quem meus pais eu deixei,
Mais tarde também foi embora
E na solidão fiquei,
Recordando os bons momentos
Que com meu povo passei...
À casa branca da serra,
Um dia eu retornarei.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AFÃ

Oi amigos, tudo bem? Foi com muita satisfação que participei, no mês passado, do 8º Concurso de Poesias Pena de Ouro do Ostra da Poesia, o blog da amiga Lindalva. 

Meu poema "Afã" esteve entre os dez que participaram da segunda fase, o que me deixou muito feliz.

Por estar afastado do Blog nesses últimos dias, não pude participara das finais, como votante, mas, estou hoje de volta, e postarei, orgulhosamente, o selo de participação e o poema com o qual concorri.

Agradeço a amiga Lindalva pelo convite  e lhe dou meus parabéns pela bela organização do evento. Também agradeço todos os votantes que prestigiaram nossa arte e dou meus parabéns a todos os participantes, em especial aos grandes vencedores, os amigos: Carlos Rímolo e Euzira. Um grande abraço para todos e até o próximo, se Deus quiser.





AFÃ

Hoje acordei tão triste,
Beijei o teu retrato e chorei...
Liguei o rádio, a canção falava
De um amor impossível igual ao meu.

Saí a caminhar pelo jardim. As flores
Exalavam um perfume que lembrava o teu cheiro.
Quis colher uma rosa rubra, tão bonita,
Mas, me feri no pontiagudo espinho traiçoeiro.

A suave brisa da manhã
Veio beijar meu rosto umedecido,
Os pássaros cantaram em harmonia
E o sol brilhou, deixando tudo colorido.
A natureza sorridente festejava...:
A relva molhadinha de sereno,
As gotinhas de orvalho a brilhar...
Em tudo ao meu redor, o belo era pleno.

Tudo queria me tirar da dor,
Tudo queria me fazer sorrir...
Tudo estava tão bonito e perfeito...!
Mas, nada inibia o afã de te sentir.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O INVERNO

O inverno é tão bonito
Para quem nunca sentiu frio,
Pela neve de São Joaquim
Troca o calor do Rio.

Dentro dos seus agasalhos,
Tudo é festa e distração...
(Não se pode congelar
Com o frio que congela o irmão).

A beleza do inverno
Fica, em fotos, registrada,
Mas, só os jornais registram
Os que dormem na calçada.

Desprovidas de agasalhos
Pessoas morrem de frio,
Escrevendo, dessa forma,
A história do Brasil.

Quanta dor e sofrimento
Em meio luxo e vaidade!
Será que não veem a dor
Pelas ruas da cidade?

Só pensam em diversão,
Em turismo, em fantasia...
E se esquecem do irmão
Que dorme na calçada fria?

Vamos mudar esse quadro,
Aquecendo o coração,
O frio que congela a água
Também congela o irmão.

Vamos parar de fugir,
De deixar tudo pro acaso.
Por mais frio que seja o frio
Não pode ser mais hostil
Que o desprezo e o descaso.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SOMOS TODOS IGUAIS

Não deixem de ver o vídeo, pois, o mesmo completa o sentido do poema.

Como é fácil a gente criticar,
Ver o erro do nosso irmão,
Dizer que o vizinho não presta
Ou que o governo é ladrão.

Dizer que o senhor é alcoólatra
Ou que o rapaz é drogado,
Dizer que a garota é vadia
E que o mendigo é folgado...

Ah meu Deus!... Como é fácil falar!...
Como é fácil dizer: Eu sou bom!
Como é fácil dizer: Não dá mais!

Não fazemos nada pra mudar!
Cantamos sempre ao mesmo tom!
Enfim, somos todos iguais.

Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?
Mateus - 7/3

Vídeo: Seriado Chaves